quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Registro de um sonho

Quando é assim, eu costumava anotar sonhos nuns cadernos.Um dia talvez eu não possua mais esses cadernos, então vou já escrever como se eles não mais existissem. Naquela época que eu tinha aqueles cadernos (que devem estar por aí, por sinal) era pouco organizado e eu sentia dor para escrever, se bem que agora estou sentido dor também, nas costas, porque corrigir ou não a postura dói. Sério, horrível, você tenta ser direitinha sofre mais do que ficar pra trás. Enfim, achei organizado e neat escrever aqui no blog meus sonhos.

Semana passada foi daquelas que eu prefiro viver os sonhos. Quando você está para acordar e as imagens dão a sensação de serem reais, apesar de você ter noção de que não são. Apesar desses sonhos darem umas sensações boas, eu não costumo lembrar e não sinto que tenham conteúdos muito complexos e misteriosos. O sonho de hoje foi desses mais enigmáticos, que eu prefiro.

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Havia um casal de idosos, que eram Tarsísio Meira e Glória Menezes, o casal amor da Globo, não sei hoje qual é a fama deles, mas na minha época eles eram o exemplo canônico de fofice. Bem, ele também era ao mesmo tempo Milton Nascimento, e ela era ao mesmo tempo minha avó. Talvez eles estivessem gravando um filme, ou era a história deles mesmo. A mulher tinha passado por uma situação de quase morrer e estava muito desmotivada com a vida, mas ele era visivelmente apaixonado por ela e fazia muitas graças para animá-la. Inclusive ele se perfumou (eu acho que) com gergelim (ou alguma coisa pouco comum) que era um cheiro que ela gostava. Ele realmente se sentia muito atraído por ela, era muito bonito vê-los. Finalmente, a mulher se animou e correspondeu aos gestos dele e então eles se tornaram como santos ou deuses, pois eu passei a vê-los de frente, em pé, lado a lado, talvez nus, ou com roupas muito sutis, pois eu podia ver seus corpos e estes eram corpos de idosos, mas com características exageradas (ou seja, como dois ídolos).

Me senti frustrada, ou com inveja de não ser os dois, e constatei que então eu deveria ser uma criança (apesar de o meu corpo ser de adulta) e que só me restava vagar por aí. Saí da casa onde estava cambaleando (não sei porque cambaleando, talvez para me sentir como um cachorro) e assim cheguei até a praia (era uma praia urbana, da própria cidade onde estava). Na beira da água, notei que havia cristais, e fui recolhendo alguns menores, pois havia homens coletando os cristais grandes para vender e me olhavam com hostilidade.

Continuei andando e em breve estava descendo uma rua com alguns cristais ainda nas mãos. Uma mulher vestida em um terno feminino roxo, abriu um grande guarda-chuva e indicou que eu ficasse também sob ele. Eu ainda andava a esmo com passos frouxos. De repente entrei em um prédio e lá havia uma pequena reunião na qual a banda Legião Urbana tocava sentada no chão com algumas crianças pequenas ao redor assistindo. Mais atrás havia pessoas adolescentes ou adultas jovens também. Como eu me considerava criança, fui sentar desengonçadamente com as criancinhas, mesmo sabendo que as demais pessoas me considerariam rude. O Renato Russo era uma mistura dele com o Cazuza e mais alguém que não reconheço. Senti-me atraída por ele, e planejava encostrar nele a qualquer custo depois da apresentação, mesmo que fosse apenas o cotovelo.

Em algum momento me passou pela cabeça que já eu estava há muito tempo no mesmo lugar e que deveria voltar à minha caminhada em breve. Pensei, por outro lado, que estava sentindo-me bem lá e que não fazia mal permanecer. Depois aparentemente me enturmei com as pessoas jovens e acabei num banheiro transando com uma moça que não tinha canal vaginal. E como todo sonho que vira putaria, fim.

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Eu tinha incluído aqui no final uma sugestão de incluir um comentário sobre uma carta de meu amigo para uma pessoa querida para ele. Dessas pessoas queridas que preferem não falar conosco. Pois é, amigo, não somos tão diferentes. Ele veio até minha casa hoje, pois eu disse que precisava de um abraço. Quando ele chegou, eu já não estava tão apurada, mas "estranhamente eufórica", expressão minha.

Eu tinha algum comentário também sobre as sandálias de Djavan, mas creio ter perdido a ligação.

Tenho uma ideia muito preciosa para mim, que eu preferiria não escrever aqui. Seria melhor comê-la, assim como uma prima minha fez com uma carta que eu a escrevi e cujo conteúdo ela queria muito que se torna-se real. Enfim, espero banalizá-la agora.

Eu sofro de uma paixão. Tem paixões que alegram e são saudáveis, eu acredito. Essa minha eu não tenho perspectiva de realização. Não saberia nem imaginar que situação improvável deveria acontecer para que eu me sinta saciada. Isso nem tanto porque não sou correspondida, porque parece que sou, o que, aprendi, não basta. Essa paixão que me deixou estranhamente eufórica. Todo o tempo em que não esperava uma resposta concreta eu me sentia como o casal do meu sonho, atemporal e divina. Basta uma resposta oblíqua para vir o medo de rejeição. Esse é meu estado oficial, quer ele fale ou não comigo; eu sou rejeitada. Meu reino são os trapos podres e restos de frutas.

Parece que ele devolve ou tira minha vitalidade quando quer. A ideia preciosa (pensando bem, todas as coisas que eu escrevo se tornam preciosas para mim, eu costumo ficar bem contente com meus escritos) não cabe uma frase, mas vamos lá. Existem alguns momentos maravilhosos que a existência dele faz surgir e que eu não teria conhecido de outro modo. Por esses momentos é que essa paixão vale a pena. Porém, com um ou dois artifícios, eu fico só com os momentos e não com a rejeição (ou seja, foi e é e será necessário muito esforço ainda): a paixão é minha, os sentimentos e sonhos são meus, é minha a capacidade de ser arrebatada. Ele está (ou não) em sua casa, seguindo sua vida e eu agradeço sua contribuição à minha. Mas a verdadeira pessoa pela qual eu estou apaixonada sou eu. Eu sou a pessoa que passa a tarde estranhamente eufórica cantando e descrevendo sonhos e achando as sandálias de Djavan uma graça! Perdoem-me as inimigas, mas eu sou apaixonante.