domingo, 8 de novembro de 2015

Conto Colaborativo #2

#2

E como tudo não fazia mais sentido, como tudo estivesse brincando com minha memória, com minha mente, naquele dia, optei pela mais imprudente das alternativas, sentar em um daqueles bancos e esperar um sinal ainda desconhecido para que eu continuasse meu dia.

O que é um disco verde? Sério, o que é um disco verde? Mãos sobre os joelhos ou sobre os oceanos. A ponte de gelo cai mais uma vez na água. Toca o telefone.

Oi. Não, não cheguei ainda. Coisas aconteceram. Tá tudo bem, eu estou indo. Quando olhei o relógio, vi que tinham se passado algumas horas desde que saí de casa. Meus tênis cheios de areia. Decidi ir para o ponto de ônibus. Já estava muito atrasado mas sentia-me como anestesiado. Não calmo, mas desconectado. Eu tomo um café e tudo volta a fazer sentido. Ok, nem tanto. Subindo as escadas do ônibus começo a perceber que há algo em meu sapato. Mas o ônibus está cheio então permaneço em pé e com poucas alternativas de movimento. Tateando com os dedos tento descobrir do que se trata. Deve ser algo irrelevante como uma pedra, ainda assim, é já alguma coisa para se pensar.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Conto Colaborativo #1

#1

Corri por entre os cômodos, peguei as chaves e saí sem avisar a ninguém, inclusive a mim mesmo. Pântano, o gato que mora na casa, moveu-se sobressaltado em busca de alguma aventura, porém quando chegou à sala eu já tivera fechado a porta. Só lhe restou observar-me partir sem compreender. Eu mesmo sequer percebi o gato, o portão, a rua. Só me ocorria um pensamento: "preciso conseguir chegar a tempo."

A verdade é que eu não teria precisado correr se não tivesse hesitado tanto. Em minha defesa, digo que hesitar não é a palavra mais adequada, seria melhor "ponderar sobre um dilema". Para uma pessoa de fora é consideravelmente fácil classificar alguém de covarde, mas para quem conhece os pormenores é outra história.

Ou seria melhor dizer, outra História?

Eram seis da manhã e eu estava acordado porque não cheguei a dormir. Corri sem fôlego e na rua outras pessoas corriam por esporte. Se bem que algumas senhoras não exatamente corriam, elas andavam dando pulinhos. Outros estavam em melhor forma. O que todos tinham em comum, eu acredito, era uma certa paz de fim de semana, um gosto pela atividade física que eu estava longe de apreciar, especialmente ali, alternando entre correr alucinado e me arrastar para frente.

Cheguei a uma rua onde era possível ver os prédios da orla e um pedaço do mar. Talvez tenha sido apenas impressão, mas pude também observar parte da estrutura similar a um capacete, à beira da água.


sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Sobre Admirável Mundo Novo

Para começar vou tentar escrever sem pensar muito e enquanto escuto Lô Borges.

Eu li Admirável Mundo Novo de A. Huxley em alguns dias, no mês de outubro de 2015, em PDF. Ele traz elementos de gêneros diferentes de escrita: a princípio, é uma distopia, e por várias vezes me vi comparando-o com 1984, de G. Orwell. Eu acredito que distopias tem uma característica destacável de descrever em detalhes uma sociedade muito semelhante àquela que deu origem ao livro, mas com características extrapoladas, e situá-la no futuro, como uma consequência de modos de ser atuais.

Como costuma-se acontecer em ficções, o enredo diz respeito a vida de algumas personagens. Quando eu tentava responder à pergunta: quem é o personagem principal? não podia respondê-lo plenamente. A princípio parecia-se seguir a história de Bernard, um indivíduo da casta Alfa com características físicas e inclinações diferentes das demais pessoas.

Tem tanta coisa para falar sobre esse livro. Acho que vou devanear. Essa coisa de ter de contar a história antes de explicar porque gostou daquele detalhe.

Estabilidade versus criatividade individual. Não sei o que Huxley estava pensando. Eu tinha a impressão que distopias queriam servir de alertas contra algum exagero, mas tem tantos momentos que não consigo decidir qual era a crítica do autor. Não apenas isso, em alguns pontos me parece razoável que aquela sociedade tivesse chegado a tomar aquelas decisões. Por exemplo, quando comparo a falta de emoções das pessoas em geral com a violência do Selvagem, não consigo decidir o que me incomoda mais. Quando, nos primeiros capítulos são descritos os métodos de condicionamento dos bebês para a posição social que foi-lhes designada, a princípio senti alguma angústia mas depois pensei "eu não ficaria contente em sentir-me adequada a alguma atividade? Não teria valido a pena o condicionamento?". E com relação à sexualidade geral, a crítica é a promiscuidade e ao desapego ou ao fato de independentemente de defender promiscuidade ou reserva sexual, o sistema continua obrigando os indivíduos a comportarem-se de uma única maneira?

No fim das contas, esse livro refere-se ao futuro de uma organização social ou a postura individual dos componentes? Em que esfera se refere a falta de sensibilidade ou a tendência a paixões e violência? E a situação feminina, o fato de não haver personagens femininas com alguma autoridade (autoridade, inclusive, sobre seus corpos) retrata uma falta de consideração do autor pelo feminino ou uma perspicácia em atentar para o fato de que mulheres são vistas como mercadorias, e o admirável mundo novo não deixaria de explorar esse recurso, justamente dizendo que a estagnação estabelecida murcha inclusive a tentativa feminista de retomar o poder sobre seus corpos e suas escolhas pessoais.

Por que não se detecta simetria no texto com relação a postura de homens e mulheres na sexualidade. Por que aparece a frase "ele poderia ter quantas mulheres quisesse" mas não a mesma frase, no feminino. Por que os personagens cujas personalidades e históricos foram descritos são homens mas a personagem feminina Lenina, que aparece destacadamente na narrativa, não é descrita para além de suas vestimentas e hábitos cotidianos?

E com relação a dizer quais línguas foram extintas e quais lugares do planeta passaram por reformas ou permaneceram como antes, pode-se dizer que a escolha foi ofensivamente preconceituosa? Teria-se os mesmos efeitos se trocasse-se aleatoriamente os nomes das nacionalidades e compleição dos indivíduos?

Não deixar de falar sobre a substituição de vocabulário ligado à religião para um que exalte a produção em massa e inovação em detrimento da tradição.

domingo, 4 de outubro de 2015

Como se nubla um dia normal

Hoje eu estou escrevendo depois de essa experiência de chegar perto da fronteira da não-ser-ênsia. Eu gostaria de chegar a sentir que estou alem de mim. Sabe, eu me ocupo muito tempo. Então, nesses dias, me ponho no meu anzol e vejo se consigo me fisgar, sem no entanto deixar me solta à mercê de qualquer coisa que eu não controle. Eu sou uma marinheira novata. Ao mesmo tempo quero deixar gravado o que sinto mas sentir ao mesmo tempo. Ah, sim, a ideia que me trouxe a escrever. Essa vontade perversa, cruel de sentir-se conectada a outra pessoa. Porque, eu nessa minha vida, lá fora, posso dizer-me sortuda. É uma brincadeira, mas eu estava comendo mexerica e doce de banana e pensei, meu, que incrível, eu sou a imperatriz da sala, e no entanto no entanto no entanto, quero tanto ter alguém para quem contar tudo isso, mas é nossa condição de existência, ser indivíduos, e indivíduos seguir lado a lado sem nunca perder a sensação de ser sozinha. É uma grande armadilha essa que nos faz desejar continuar e acreditar que ficaremos juntos. Amanhã acordamos, cada um do seu jeito, para seus cotidianos. Enfim, o que me liga à humanidade?

Passei os últimos talvez cinco minutos entre, comer bananada, tomar decisões muito importantes a cerca da máquina de lavar roupa, lamento a banalidade. Eu fiz xixi e fico pensando em todas essas mínimas coisas que a gente precisa aprender a pensar em como fazer e na necessidade de ter dentro de cada um, um simulacro do mundo para a gente não se perder. Eu, por exemplo, no momento, preciso me apoiar numa música que acaba e outra que acaba, ou fico olhando o relógio de tempos em tempos (por exemplo, passaram 3 minutos), mas a gente nunca presta atenção nessas coisas quando está sóbrio, mas sobreviver nesse mundo conta com muitas sutilezas e minúcias, digo quanto a porquê e como o cérebro funciona (mais dois minutos), mas é um narcisismo louco ficar falando das coisas do instante. Não importa, vou desfrutar esse momento meu.

Ah sim, acabo de ler o título que escolhi. É que ao mesmo tempo que você tem a sensação da minúcia, sempre fica a sensação de que você perdeu alguma coisa. Desculpa, Deus, ou super-ego, por saber pensar tão pouco. Eu escrevo, em parte para me manter a margem e em parte pela vaidade de já ter entrado n'água. Mas a partir desse instante, não tem a ver comigo mais, eu sou apenas uma portadora, uma mensageira, um veículo. Mas eu não trago nenhuma mensagem. Eu devo ficar por aqui porque de quando em quando eu imagino a vizinha velhinha do andar de baixo me olhando e pensando qualquer merda de mim. É por isso que eu continuo escrevendo. Para deixar claro que esse momento de merda (e eu poderia falar assim de qualquer momento da minha vida) é a minha vida e não a dela e que ela pode me deixar em paz e ser bem feliz. Quando eu escrevo eu sinto que vou oscilando entre a alegria e a violência e talvez se parar para ler não dê para saber que trecho é qual. Lá vou eu tirar umas selfies para ver se essa minha cara de espiga de milho mudou alguma coisa. Não, lá está ela. Poderia por na geladeira ou no guarda-roupa, continuava a mesma cara de espiga me perguntando, viver para quê? Você me pergunta isso depois de tudo que eu tive que aprender para chegar aqui na margem. Tudo bem, viver é viver à margem. Não é uma coisa excepcional desse momento ter que decidir qual é o detalhe que fica gravado. Usualmente a gente tem que fazer concessões, ou seja tomar decisões de detalhes para uma coisa, e se eu parar para pensar bem, que coisa é essa? Acho que tanto faz, eu escrevo conforme a música. Quando ela acaba eu também esqueço. Mas vamos com calma, você percebe que esforço monstruoso é esse para manter-se parte de um organismo coeso que é essa coisa que eu penso que existe que é a humanidade? Quando sim, poderíamos apenas deixar de ser, como uma poça d'água que evapora, a gota que cai na poça d'água que evapora. Eu me esforço para me manter do lado eufórico e que vê beleza em tudo, mas porque espero que esse seja o lado que sobrevive, mas seu lado mórbido me seduz. Não invejo sua experiência, eu acho mais seguro ficar desse lado da margem. A maneira que sinto que sei de sua existência é dolorosa. Ao mesmo tempo te vejo como deusa mas ver você como deusa é profano porque é ver apenas a sua fachada. E fui eu que criou essa fachada. Realmente te adorar é deixar você viver em paz, sem que os meus desejos por você te ocultem.

Entende por que do título? Porque estar assim concentrada é profanar um dia normal. Mas após escrever um dois três parágrafos a gente se compromete. É que no começo é a diversão do espontâneo, do orgasmo da potência. Mas alguns parágrafos seguintes você precisa se comprometer. É nessa fase da vida que estou. Num texto pela metade que não será lido por ninguém, pois veja, não é o texto, é a minha vida. Ou bem poderia não ser a minha, e é aí que essa coisa terrível que é essa amálgama massacrante que é a humanidade. Essa besta que me trouxe até onde estou. É a pedra que sustenta e a que esmaga (onde eu já li isso?). Eu me agarro a música e ao texto, que precisa continuar, mas pensando bem, estou me concentrando demais para um domingo. Ela me faz sentir virgem.

É uma coisa completamente diferente conversar com outra pessoa. Eu não sei o como ela se comporta mas eu fico a espreita de que ele está me julgando.

O contato com outra pessoa é assustador, unsettling, desconcertante. Mas desconcertante parece que fala de concerto. Desestabilizante. Quero dizer que eu me sinto muito bem quando não tenho que lidar com outras pessoas. Não só agora, no tempo geral. (É que agora é um momento de pensar sobre isso.) Acho que sou inclinada a ter esse tipo de experiência porque no tempo geral pensar sobre porque eu penso e como costuma me ocupar bastante. Não que eu tenha adquirido sozinha algum conhecimento prático sobre isso. (Mal e mal me aguento.) Mas no fim encontro-me aqui rescrevendo de novo para garantir de novo, que eu (meu ego) existe. Faz horas que me propus a simplesmente ficar quietinha, mas não importa se eu falo ou fico descansando, o verdadeiro terror é ir verificar com outra pessoa, "é assim mesmo?". Eu preciso me tornar uma pessoa religiosa. É solenemente necessário.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Registro de um sonho

Quando é assim, eu costumava anotar sonhos nuns cadernos.Um dia talvez eu não possua mais esses cadernos, então vou já escrever como se eles não mais existissem. Naquela época que eu tinha aqueles cadernos (que devem estar por aí, por sinal) era pouco organizado e eu sentia dor para escrever, se bem que agora estou sentido dor também, nas costas, porque corrigir ou não a postura dói. Sério, horrível, você tenta ser direitinha sofre mais do que ficar pra trás. Enfim, achei organizado e neat escrever aqui no blog meus sonhos.

Semana passada foi daquelas que eu prefiro viver os sonhos. Quando você está para acordar e as imagens dão a sensação de serem reais, apesar de você ter noção de que não são. Apesar desses sonhos darem umas sensações boas, eu não costumo lembrar e não sinto que tenham conteúdos muito complexos e misteriosos. O sonho de hoje foi desses mais enigmáticos, que eu prefiro.

~~~~~~~

Havia um casal de idosos, que eram Tarsísio Meira e Glória Menezes, o casal amor da Globo, não sei hoje qual é a fama deles, mas na minha época eles eram o exemplo canônico de fofice. Bem, ele também era ao mesmo tempo Milton Nascimento, e ela era ao mesmo tempo minha avó. Talvez eles estivessem gravando um filme, ou era a história deles mesmo. A mulher tinha passado por uma situação de quase morrer e estava muito desmotivada com a vida, mas ele era visivelmente apaixonado por ela e fazia muitas graças para animá-la. Inclusive ele se perfumou (eu acho que) com gergelim (ou alguma coisa pouco comum) que era um cheiro que ela gostava. Ele realmente se sentia muito atraído por ela, era muito bonito vê-los. Finalmente, a mulher se animou e correspondeu aos gestos dele e então eles se tornaram como santos ou deuses, pois eu passei a vê-los de frente, em pé, lado a lado, talvez nus, ou com roupas muito sutis, pois eu podia ver seus corpos e estes eram corpos de idosos, mas com características exageradas (ou seja, como dois ídolos).

Me senti frustrada, ou com inveja de não ser os dois, e constatei que então eu deveria ser uma criança (apesar de o meu corpo ser de adulta) e que só me restava vagar por aí. Saí da casa onde estava cambaleando (não sei porque cambaleando, talvez para me sentir como um cachorro) e assim cheguei até a praia (era uma praia urbana, da própria cidade onde estava). Na beira da água, notei que havia cristais, e fui recolhendo alguns menores, pois havia homens coletando os cristais grandes para vender e me olhavam com hostilidade.

Continuei andando e em breve estava descendo uma rua com alguns cristais ainda nas mãos. Uma mulher vestida em um terno feminino roxo, abriu um grande guarda-chuva e indicou que eu ficasse também sob ele. Eu ainda andava a esmo com passos frouxos. De repente entrei em um prédio e lá havia uma pequena reunião na qual a banda Legião Urbana tocava sentada no chão com algumas crianças pequenas ao redor assistindo. Mais atrás havia pessoas adolescentes ou adultas jovens também. Como eu me considerava criança, fui sentar desengonçadamente com as criancinhas, mesmo sabendo que as demais pessoas me considerariam rude. O Renato Russo era uma mistura dele com o Cazuza e mais alguém que não reconheço. Senti-me atraída por ele, e planejava encostrar nele a qualquer custo depois da apresentação, mesmo que fosse apenas o cotovelo.

Em algum momento me passou pela cabeça que já eu estava há muito tempo no mesmo lugar e que deveria voltar à minha caminhada em breve. Pensei, por outro lado, que estava sentindo-me bem lá e que não fazia mal permanecer. Depois aparentemente me enturmei com as pessoas jovens e acabei num banheiro transando com uma moça que não tinha canal vaginal. E como todo sonho que vira putaria, fim.

~~~~~~~
Eu tinha incluído aqui no final uma sugestão de incluir um comentário sobre uma carta de meu amigo para uma pessoa querida para ele. Dessas pessoas queridas que preferem não falar conosco. Pois é, amigo, não somos tão diferentes. Ele veio até minha casa hoje, pois eu disse que precisava de um abraço. Quando ele chegou, eu já não estava tão apurada, mas "estranhamente eufórica", expressão minha.

Eu tinha algum comentário também sobre as sandálias de Djavan, mas creio ter perdido a ligação.

Tenho uma ideia muito preciosa para mim, que eu preferiria não escrever aqui. Seria melhor comê-la, assim como uma prima minha fez com uma carta que eu a escrevi e cujo conteúdo ela queria muito que se torna-se real. Enfim, espero banalizá-la agora.

Eu sofro de uma paixão. Tem paixões que alegram e são saudáveis, eu acredito. Essa minha eu não tenho perspectiva de realização. Não saberia nem imaginar que situação improvável deveria acontecer para que eu me sinta saciada. Isso nem tanto porque não sou correspondida, porque parece que sou, o que, aprendi, não basta. Essa paixão que me deixou estranhamente eufórica. Todo o tempo em que não esperava uma resposta concreta eu me sentia como o casal do meu sonho, atemporal e divina. Basta uma resposta oblíqua para vir o medo de rejeição. Esse é meu estado oficial, quer ele fale ou não comigo; eu sou rejeitada. Meu reino são os trapos podres e restos de frutas.

Parece que ele devolve ou tira minha vitalidade quando quer. A ideia preciosa (pensando bem, todas as coisas que eu escrevo se tornam preciosas para mim, eu costumo ficar bem contente com meus escritos) não cabe uma frase, mas vamos lá. Existem alguns momentos maravilhosos que a existência dele faz surgir e que eu não teria conhecido de outro modo. Por esses momentos é que essa paixão vale a pena. Porém, com um ou dois artifícios, eu fico só com os momentos e não com a rejeição (ou seja, foi e é e será necessário muito esforço ainda): a paixão é minha, os sentimentos e sonhos são meus, é minha a capacidade de ser arrebatada. Ele está (ou não) em sua casa, seguindo sua vida e eu agradeço sua contribuição à minha. Mas a verdadeira pessoa pela qual eu estou apaixonada sou eu. Eu sou a pessoa que passa a tarde estranhamente eufórica cantando e descrevendo sonhos e achando as sandálias de Djavan uma graça! Perdoem-me as inimigas, mas eu sou apaixonante.





domingo, 23 de agosto de 2015

Livros

2024

Hanya Yanagihara - Il popolo degli alberi

Kurt Vonnegut - Barbablù


2023

Il mago dei numeri

Storia sociale del clima

L'era del petrolio - Leonardo Maugeri

Kurt Vonnegut - Perle ai porci

Guido Barbujani - L'invenzione delle razze

Cathy O'Neil - Weapons of Math Destruction



2022

James Bridle - New Dark Ages

José Saramago - Cecità

Stanislaw Lem - Solaris

Enrico Giusti - Ipotesi sulla natura degli oggetti matematici


2021

Kurt Vonnegut - Slaughter House 5

Michela Fontana -  Matteo Ricci


2020

Stefan Cunha Ujvari -  História do século XX pelas descobertas da medicina 


2015 - 2019

Haruki Murakami - 1Q84 vol. 1 & 2

Jung Chang - Cisnes selvagens

Aldous Huxley - Admirável mundo novo

Arthur C. Clarke - Encontro com Rama

Arthur C. Clarke - As fontes do paraíso

Arthur C. Clarke - O fim da infância

Oliver Sacks - Tio Tungstênio

Mia Couto - Terra Sonâmbula

Umberto Eco - O nome da rosa

Bronislaw Malinovski - Sexo e Repressão na Sociedade Selvagem

Ernest Cline - Jogador número 1

Jaime Pinsky -  As Primeiras Civilizações

Vários autores - A História dos EUA

Augusto Boal - Teatro do oprimido

R L Heilbroner - Introdução a história das ideias econômicas

Pedro Paulo Funari - Pré-história do Brasil

Orhan Pamuk - Meu nome é vermelho

Ray Bradbury - Fahrenhein 451

Varios autores - Sessualità, erotismo, amore

Geoffrey Blainey - Uma breve historia do cristianismo

Henri Bergson - Matéria e Memória

 * * * * * *
Livros de 2018 para terminar de ler

Darcy Ribeiro - O Povo Brasileiro

Claude Levi-Strauss - Estrutura Elementar do Parentesco

Maurice Merleau Ponty - Fenomenologia da Percepção

Vários autores - Prime nella vita comune

Paul Feyerabend - Contra o método

Willian P Young - A cabana

Betty Mindlin - Moqueca de maridos

Clarice Lispector - A maçã no escuro

Henri Bergson - Matéria e memória

Roderick  M. Chisholm - Teoria do conhecimento

Paulo Freire - Pedagogia do oprimido

Jhon Chadwick - A decifração do linear B

Aminatta Forna - Jardim de mulheres

Alfredo Marien - Era um poaieiro

Graça Pina de Morais - A mulher do chapéu de palha

Tatiana Roque - História da Matemática

B. F. Skinner - Walden Two

Arthur C. Clarke - 2001 Uma Odisseia no Espaço 

Lakoff & Nuñez - Where Mathematics comes from


* * * * *


Livros que eu gostaria de ler




* * * * *

Extras:

Arthur Schopenhauer  - O mundo como vontade e representação

Franklin Leopoldo e Silva - Descartes: a metafísica da modernidade

Immanuel Kant - Crítica da razão pura

Claude Levì-Strauss - A oleira ciumenta

Thomas Hobbes - O leviatã

Donald Woods Winnicott - Natureza Humana

Carl Jung - Memórias, sonhos e reflexões

Vilém Flusser - A história do diabo

Vilém Flusser - Filosofia da caixa preta

Charles-Pierre Baudelaire - Pequenos poemas em prosa

James Joyce - Ulisses

sábado, 6 de junho de 2015

Sonhos Lúcidos e fenômenos associados

Eu estava me preparando para ir criar o texto para o trabalho final de uma matéria, mas estou ouvindo o Clube da Esquina e não tive coragem de parar o álbum na metade. Então me propus relatar os dois sonhos lúcidos que tive nas últimas três semanas. (Não deixa de ser exercício literário!) Esses sonhos são importantes para mim, pois acredito que foram meus primeiros sonhos lúcidos, ou pelo menos, os primeiros que pude detectar. Eu não estava tentando tê-los, mas aparentemente meus hábitos noturnos favoreceram seu surgimento. Na internet uma das técnicas mais simples que encontrei tratava-se de interromper o sono após um intervalo e voltar a dormir enquanto realiza alguns movimentos sutis e repetitivos. No meu caso, acontece que frequentemente acordo para urinar durante a noite, ou acordo de manhã com o despertador e desisto de levantar (quem nunca?).


O primeiro sonho. Nota-se que não percebi que estava tendo um sonho lúcido até a parte final, onde percebe-se que posso ser bastante teimosa. Aliás, ele foi tornando-se mais claramente lúcido (gostei da expressão "claramente lúcido") ao poucos. Eu estava numa versão do Metrô Jabaquara e havia um posto de saúde naquela região e um translado gratuito entre o posto e a estação. Fui sem motivos da estação ao posto e lá esperava a van para voltar, novamente sem ter porquê. Era noite e me lembrava de minha avó (ela não apareceu visivelmente no sonho, mas era como se estive lá o tempo todo). Havia no posto um aparato como aquelas cadeiras de subir montanhas para esquiar e este era branco.

Fui para a rua. Dei-me conta que poderia encher o sonho de amigos e logo haviam várias pessoas conhecidas por perto. Não conversei com nenhum deles, mas invoquei a presença de [...]. Ele apareceu, mas eu não podia controlar seu rosto, era o rosto de outro rapaz. Ficamos de mãos dadas no meio da rua, entre as pessoas passando. Fiquei muito feliz por estarmos juntos. Ele então me disse que estaria sempre por perto, desde que eu o chamasse.

Dessa cena, fui para outra em que estava deitada no meu próprio quarto e me levantava para ir ao banheiro. Já estava prestes a acordar, de forma que me percebia deitada novamente, antes de conseguir urinar. Então a cena se repetia sem que eu chegasse ao banheiro. Percebi que estava dormindo mas que também estava com a bexiga cheia. Fiz um último esforço no sonho para chegar até o banheiro. Nessa parte, os trechos da casa pelos quais passava eram muito detalhados e de acordo com a realidade. Porém quanto mais perto chegava do banheiro, mais a imagem se distorcia (como falhas em um filme de rolo). Lá estava eu de novo em minha cama. Fui então de fato ao banheiro e voltei rapidamente a cama. Demorei alguns segundos para acreditar que dessa vez tinha sido real. Mas não voltei a dormir e minha bexiga estava tranquila.

~~~~~~~~
Antes do segundo sonho eu havia levantado-me, ido a padaria, comido pão e voltado para a cama. Enquanto ainda não estava dormindo, comecei a visualizar (imaginar, e não, ver) uma cabeça feminina na frente de uma paisagem. Ela falava coisas que não entendia, mas resolvi prestar atenção. Era uma espécie de apresentadora, hostess ou interface. (Eu ainda estava acordada).


O segundo sonho. Prólogo: Cheguei a uma casa desconhecida. Havia uma movimentação de pessoas, parentes minhas, deveria estar para acontecer uma festa. Apesar das limitações do sonho, este parecia real, isto é, eu tinha a sensação de estar desperta. Eu soube que podia controlar o que ia acontecer, que aquelas pessoas se comportariam mais como bonecos (ou seja, que elas não poderiam interagir ou brigar comigo). Então resolvi tocar os seios de [...] (não a mesma pessoa [...] do outro sonho). Desejei tocá-los porque ela era mãe, foi o pensamento que me ocorreu. Quando me aproximava dela, seus seios ganhavam cristas, como de galos, ou verrugas, e de fato, quando os toquei eram sacos de pedras. Entendi que nem mesmo em sonho eu ficava livre de restrições, havia em mim uma culpa forte por desejar aquilo.

Lembro-me de depois de vagar pelos cômodos da casa e sentar numa cadeira. Eventualmente decidi sair de lá, "voltar para a realidade comum", foi o que pensei. Pus a mão no encosto de uma cadeira para ajudar a me levantar. Olhei para minha mão no encosto. A imagem estava duplicada, embaçada. Desejei sair mas não sabia como. Senti medo de não voltar. Fui para a cozinha, com esperança que fosse a cozinha da minha casa, mas não era. Não conheço aquele lugar. A imagem voltou a falhar (como um DVD riscado) e acordei sacudindo a cabeça. Fiquei alguns segundos me assegurando de estar em casa e senti muito alívio.

~~~~~~~~
Mais tarde comparei essa possibilidade de sonho lúcido com os desejos que se consegue da lâmpada de um gênio mal. Eventualmente ele realiza seus desejos, mas não de uma forma agradável. Aparace quem você quer, com o rosto de outra pessoa. Você escolhe ir para a cozinha mas é uma cozinha estranha.

Talvez seja útil deixar uma dica, que talvez não sirva muito, mas a realidade "de fato" parece ter contornos mais firmes. Os objetos e pessoas permanecem. Nas realidades de sonho, quando olho fixamente para alguma coisa, ou não vejo detalhadamente ou a coisa se transforma.

E quando a gente não consegue acordar? Isso já aconteceu com vocês?

Um terceiro sonho. Este não foi um sonho lúcido (porém eu soube que estava dormindo), mas sonhei que alucinava. Tem sido um tanto frequente para mim, ano passado e este, ter sonhos em que estou deitada, quase na mesma posição que me deitei, no mesmo lugar em que dormi. Como se eu sonhasse que de repente acordei. Não é raro que esses sonhos tenham um teor sexual forte. Quando percebo que posso estar dormindo, tento me mexer e não consigo (acredito que seja o que chamam de paralisia do sono).

Nesse dia particular, (durante o sonho) eu abria os olhos e via no braço do sofá o rosto de um gato. Fechava os olhos para evitar essa imagem mas ela permanecia lá ao abri-los. Senti medo por estar alucinando, e acredito que foi o medo de alucinar de fato que me trouxe esse sonho. Acho que o som dos ônibus na rua transformou-se, no sonho, num rádio mal sintonizado através do qual um homem me dava instruções em inglês. Fiquei muito aliviada em perceber que não conseguia distinguir as instruções e, portanto, não poderia obedecê-las.

~~~~~~~

Em abril/maio deste ano tive duas alucinações visuais (má-interpretações) enquanto desperta (não próximas de dormir e acordar). Numa delas, eu estava conversando com um amigo mas quando olhei para ele, tinha o rosto de outra pessoa. Fechei os olhos e disse para mim mesma que aquilo não era possível, mas quando olhei novamente, ainda era o rosto errado. Outro dia, estava com esse amigo novamente, olhei para o braço dele, seu braço estava muito menor do que o normal, como se tivesse magicamente diminuído. Fechei os olhos e me pus a convencer-me que aquele era um truque de perspectiva, que na verdade, eu estava olhando para o seu pulso e não para seu cotovelo e que seu braço na verdade era parte de sua mão, a parte visível do meu ponto de vista. Disse tudo isso e abri os olhos, a toa. O braço continuava diminuto. Alguns instantes depois o rapaz o moveu e as coisas voltaram ao normal.

Há alguns dias percebi vozes (não tive a sensação de ouvi-las, eram como pensamentos que eu não tinha pensado), um pouco antes de dormir. Ano passado, passou um carro na rua, a noite, enquanto eu estava deitada para dormir. Eu estava tentando ouvir vozes. O carro passou e o barulho que ele fez se transformou em um gemido. Não tentei ouvir nada desde então (fiquei com muito medo).













quinta-feira, 9 de abril de 2015

Diariabilidade

Alô, boa noite. Primeiro deixa eu ir buscar um aperitivo lá na geladeira. Pensando bem, não sei ser boêmia. Hoje cedo pensei que seria legal se eu cultivasse o hábito de escrever todo dia. Escrever qualquer coisa, apenas para praticar. Tenho já vários temas para desenvolver, digamos, lição de casa. Primeiro, quero resenhar o livro Estrutura das Revoluções Científicas, do Thomas Kuhn, para uma matéria. Também quero escrever sobre virgindade, criatividade, e o olhar de algumas pessoas, e esta frase foi bem mais uma agenda mental do que... o que bem estou escrevendo? Só escrevendo, lembre-se. Mais do que ser criativa e expressar seja lá o que eu gostaria de expressar, preciso adquirir linguagens. O que tenho escrito até aqui está carregado de sentimentos meus e neste instante meus olhos ardem daquele jeito de quando a pessoa está prestes a chorar mais não chora e isso é porque por mais que eu tenha dito o que queria, você não entendeu.
~~~~~
Eu não sou uma pessoa inteira.
~~~~~
Um texto pode ser uma resenha, uma carta, um ensaio, uma dissertação, um e-mail. Um texto de blog. Um texto de blog parece-me mais fácil, mais livre. E escrever a mão ou digitar me impõe intuições de estilo diferentes. Por exemplo, estou digitando como se estivesse conversando com alguém. (Uma conversa informal). É fácil escrever assim, mais me angustio em pensar que não estou escrevendo para nenhuma pessoa específica. Você pode ler e gostar, ou pode não fazer diferença. Não tenho exatamente medo da sua opinião sobre ele. O fato é que ninguém está ai. Eu estou sozinha.

Tem uma banda tocando no meu quarto. Eu não estudo mais música. Meu pulso direito dói. Minha garganta, minhas costas doem. Porque dói não ser nada e se esforçar para ser alguma coisa. De fato, sou uma esponja. A banda me invade, e é bom, eu quero. A vizinha canta e me invade, e é ruim. As pessoas falam ao mesmo tempo, e eu deixo me invadir as vezes, as vezes demais. Eu espero entrar nelas também. Posso introduzir um assunto. Posso reescrever, mas talvez não dê vontade. Vou explicar porque não gosto de estudar. Me faz sentir que não sou suficiente ainda. Sim, sempre há o que se estudar. Estou dizendo suficiente para simplesmente ter direito de existir e ser deixada em paz. Não era esse o assunto. Era 'o olhar de algumas pessoas'.

Não sei o que você chama de paixão. Das coisas terríveis do mundo, uma delas é que eu nunca vou realmente entender como você se sente. É um milagre, eu repito em todo lugar, que duas pessoas se encontrem e conversem, aparentemente, sobre o mesmo assunto. Estou rindo agora porque me lembrei de uma ocasião em que duas amigas conversavam comigo e minha mãe. Eu estava quieta e esperava uma oportunidade de falar. Não sei se não me deram a oportunidade ou se não a reinvindiquei. Eu era jovem. Ri de novo, pois sou jovem. Bem, observava, e eram dois monólogos alternados. Elas queriam falar, ouvir a si mesmas e era só isso. Eu me senti usada. (Mas foi só como me senti, não foi o que elas fizeram comigo).

Ah sim, a paixão. O olhar de paixão de algumas pessoas. Foi assim, há dois anos me apaixonei, do tipo de perder a fome (perdi três quilos numa semana). Altos e baixos, mais baixos que altos foram. Mas esse não é o problema aqui agora. A pergunta é: qual é o olhar de paixão? São vários, porque paixões são várias. Mas esse tem um poder cativante que eu proporei mais tarde. Deve ser bem específico, pois se não, me apaixonaria mais vezes. Deixa eu dar mais contexto. Quando estou interessada em alguém, em geral também estou por várias outras pessoas. Mas nem todas as vezes eu chamo de paixão. E há dois anos atrás aprendi que paixão não é intrinsecamente boa, aliás dói bastante. Mas eu não tinha me apaixonado antes? Fui pegar o sarampo depois de adulta? Não, mas o contexto estava mais complexo. Fui pega desprevenida numa friagem boa. (É sarampo ou resfriado?)

Me apaixonei de novo. Por que, com essa pessoa diferente, que não me machucou, sinto-me mal como da última vez? Hoje reparei numa coincidência na maneira como me interessei por eles. Eles me viram antes que eu os visse e se interessaram por mim. Me conheceram já com aquele olhar. Eu me senti amada sem ter que me esforçar por isso. Lembra qual foi a primeira vez que isso me aconteceu? Desculpe pela psicanálise, mas provavelmente foi naquela época remota em que era bebê. Tudo bem, isso é apenas uma hipótese. Vou registrá-la aqui pela utilidade posterior. Se eu decidir que não faz sentido, venho aqui retificar. Aprendi a palavra retificar no 1984. Eu quero uma mãe que não vá embora, e misteriosamente, ela é um homem. Nota: nunca me apaixonei dessa maneira por uma mulher, isso está na minha lista de tarefas.
~~~~~
Ai, gente. A Groselha. Coisa linda com a Vodka.
~~~~~
Deixa eu voltar antes que eu esqueça. Não que isso já não tenha acontecido. Fui na cozinha e a Vodka falou por mim. Como é que a pessoa se prepara para representar ela mesma no cinema ou teatro? Me referia a Quero Ser John Malcovich. Ele disse que pensa nisso quanto a pessoa que canta, interpreta canções. Não é ela, mas também não deixa de ser. Disse que faria um mestrado pensando nisso. Possivelmente não mais o veja por isso desejo-lhe sorte.
~~~~~
Voltei. E ontem no concerto, não queria que acabasse. Apesar de não poder sair das poses de pegar na mão e sentar comportado, por que acabar aquilo? Ai que está a obsessão.

Não quero definir muito. Mas não posso deixar de definir alguma coisa. Pelo bem do senso de realidade. (Posso alterar isso.)

A obsessão. Estava ali, no quarto, com um bando de pessoas, um copo e um cigarro ilegal. Não a obsessão, eu. E NINGUÉM ESTÁ AQUI PARA ME VER E TAMBÉM NÃO QUERO QUALQUER PESSOA. Penso em mais coisas, quero elaborar cada frase. É legal, sentir que te reconhecem. Por isso a psicanálise. Para falar de mim e ter a impressão que falo alguma coisa socialmente interessante. Pois é, estava no quarto e gostava das pessoas de lá. Não era eu, era a Vodka. E a Vodka teve uma ideia, mas eu não lembro. Pois é. Estava no quarto. E gostava das pessoas de lá. Quero elas todas no meu quarto, enquanto não estou, e esse é o Cigarro ilegal falando. As pessoas no meu quarto e eu não estou. O Cigarro esqueceu.

Sim! eu queria falar do .... . Posso, por favor, não ser uma pessoa razoável. Vou contar a estória
~~~~~
Eu nunca fui  e agora só consigo olhar as outras pessoas. Eu preciso de voz. Literalmente. Eu nem mais falo sobre isso.

Nossa, tá bom já. Penso em continuar porque agora acabou a tensão. Sei o que é só não sei porque. E lembrei do que ele disse. Não, ele não disse. Fui eu. Bem, ele disse que não era ele cantando, mas não deixava de ser. Então é isso. Vou ser o que não deixa de ser eu. Mas não eu. (Tenho um livro para ler. O Ambiente e os Processos de Maturação.) Vou conquistar o desejo de ter a voz linda, potente e nunca vou deixar de ser um nada. Mas não como se as duas coisas se anulassem. Porque há um desejo e ele é realizado. É um desejo sensual, sem nunca chegar a ser sexual. Não muda essencialmente nada mas acontece.
~~~~~
Pronto, estou satisfeita, vou lá interagir. Mesmo com os olhos vermelhos.
~~~~~
Ps. Vou amar minha mãe-homem e procurar uma fonoaudióloga.